2007-03-26

Salazar

António de Oliveira Salazar foi a personalidade mais votada no programa "Os Grandes Portugueses", cuja final foi transmitida pela RTP ontem à noite. O líder do Estado Novo e a figura mais polémica entre os 10 finalistas foi o mais escolhido com 41% dos votos, superando Álvaro Cunhal, que ficou na segunda posição com 19% dos votos e Aristides de Sousa Mendes, o terceiro classificado, com 13% dos votos do público.
Salazar nasceu no dia 28 de Abril de 1889, em Santa Comba Dão. “Sei muito bem o que quero e para onde vou, mas não se me exija que chegue ao fim em poucos meses. No mais, que o País estude, represente, reclame, discuta, mas que obedeça quando se chegar à altura de mandar”, disse, na tomada de posse da pasta das Finanças, em 1928. Em 1930, fundou o partido União Nacional. Ministro das Finanças da ditadura militar, assumiu o governo do país em Abril de 1932 e, no ano seguinte, fez ratificar uma nova Constituição. Criou a Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), uma polícia política, proibindo as oposições e impondo um regime totalitário. Permaneceu no cargo até 1968, altura em que teve de se afastar por doença. Morreu em 1970.

Para as vítimas da tortura da polícia política, da censura e dos crimes do Estado Novo, para o país analfabeto, miserável e atrasado, para os estropiados da Guerra Colonial, para os criadores, os progressistas e os amantes da liberdade, para os defensores dos direitos humanos, o adjectivo «salvador da pátria» é uma afronta inominável.
Mas para os muitos que votaram no «Botas», Salazar salvou o País da banca rota, equilibrando as Finanças, e salvou a Pátria da II Guerra Mundial, mesmo que para isso tenha feito tábua rasa da «mais antiga aliança do Mundo», com a Inglaterra!
O fascínio de Salazar vem dessa personalidade esquisita, dessa postura de allien, da inacessibilidade permanente, da voz de cana rachada metálica, da figura de pai austero e impenetrável. Na verdade, não passava de um mestre-escola à antiga portuguesa. Mandava prender e torturar como quem dá reguadas a meninos mal-comportados, tinha dificuldade em discernir entre o bem e o mal, porque o bem que tinha na cabeça justificava todos os safanões.
Amou Portugal? Sim, à sua maneira. Mas, ao contrário de Franco, não desenvolveu o país, impediu que se abrissem vias de comunicação, como proibiria hoje a Internet, se pudesse, e fez da sua imagem bucólica de postal ilustrado todo um programa de vida e uma ideologia oficial. Entrava-se em Portugal e começavam os buracos, as curvas, a poeira, o regresso ao passado. Outra imagem é a da candeia, dos candeeiros a petróleo, dos bois a puxar os carros, da charrua medieval, das mulheres a lavar roupa no rio e a corá-la ao sol (como na «Aldeia da Roupa Branca!»), das casas sem quarto de banho, do balde comum, o «bispote».

Quero prestar o meu tributo a Salazar: graças a ele, eu ainda conheci a Idade Média. Ao vivo e ... a preto e branco.

2007-03-13

DEZbeta

Estreou sábado, exclusivamente no sítio www.odez.net, a curta-metragem portuguesa “Dezbeta”. É uma história de mistério à volta do número dez, que serve de base para a futura apresentação da longa-metragem “Dez”.
Mitos e histórias que rodeiam o número dez, como a Aldeia das Dez, perto de Oliveira do Hospital, um caso que envolve dez mulheres e dez moedas, são o tema desta misteriosa curta-metragem.