2008-02-26

CENSURA, de novo ?!?!?!

Medo do 4º PODER, Sr. Presidente ?

Parece-me sensato reconhecer que o jornalista da imprensa regional, tem muitas vezes que esquecer o que aprendeu na universidade e com coragem, uma certa abnegação e um grande espírito de sacrifício, ter como único princípio a respeitar, “o saber escrever bem”. São muito os exemplos de directores/colaboradores de jornais locais que foram processados, dada a publicação desta ou daquela história que envolveu um qualquer vereador, um qualquer presidente da câmara ou de uma junta de freguesia.

No entanto, e pese embora tudo isto e as diferentes dificuldades sentidas diariamente, há muito que se diz que o futuro da imprensa está na “imprensa regional”. Uma imprensa mais aberta, mais próxima dos cidadãos a que se destina; é assim em França e em Espanha, para falar só dos países que estão mais próximos de nós.

Mas será que, em Oliveira do Hospital, a imprensa regional/local tem potencialidades para se tornar num espaço público?

Penso que sim, no entanto o espectro jornalístico que, por vezes, nos é apresentado por alguns dos “órgãos de informação” do concelho dá-me vontade de rir, face à pobreza ideológica e de espírito, à subserviência implícita, à mediocridade crónica, ao ridículo a que as coisas chegam (ou de onde, desgraçadamente, nunca saíram) do amadorismo infantil da maioria dos textos, do «fait-divers» pequenino e estéril; ou chorar; exactamente pelas mesmas razões, mas também porque é esta a memória que vai ficar para a posteridade, armazenada nos nossos arquivos.

Tudo isto porque a imprensa regional, quando subsidiada pelo poder local, tem uma característica terrível de caciquismo e de subserviência. Tenho de reconhecer que tem vindo a ser desenvolvida, ao longo destes últimos 15 anos, uma cultura de poder que tem da informação uma noção parecida. O poder político vigente tem, sistematicamente, tentado (e conseguido, de diversas maneiras e por diversas vezes) encontrar formas de coagir a liberdade de imprensa, retirando aos jornalistas a livre interpretação dos factos e restringindo o seu sentido crítico, levando-os a que escrevam ou revelem somente o que, ao poder político, é agradável.

Para os que não perfilham desta “linha editorial” que o poder politico vigente tem sabido controlar, utilizar o “black out” informativo (pela ausência de informações de alguns eventos importantes, pela falta de convites para cerimónias e outras actividades autárquicas, pela ausência de notícias de algumas colectividades dirigidas por pessoas de sua confiança política) começa a ser agora o “novo rumo”.

Em Oliveira do Hospital, o poder político perdeu, definitivamente, a vergonha. Não existe noção de que a liberdade de imprensa é um bem da sociedade. Em democracia, não existe delito de opinião.A responsabilização dos jornalistas faz-se pelo direito de resposta e pelo recurso aos Tribunais.

Oliveira do Hospital merece, certamente, melhor! Será que não está nas nossas mãos?