2008-06-15

César de Oliveira - 10 anos após o seu falecimento

DEPOIMENTO

César de Oliveira morreu, infelizmente, muito novo. Foi um jovem generoso que lutou, desde novo, contra a ditadura. Na maturidade, fez uma brilhante carreira académica de historiador, afirmando-se como um investigador probo e muito sagaz.

Deixou uma bibliografia extremamente valiosa, estudando a ascensão de Salazar e do regime que impôs ao País e, principalmente, as relações luso-espanholas, num período de tempo alargado. Cito: Portugal e a II República de Espanha (1931-36); Salazar e a guerra civil de Espanha; A consolidação do Salazarismo e a guerra civil de Espanha; e Cem anos de relações luso-espanholas: política e economia. Escreveu ainda textos, de grande originalidade e valor, sobre a I República Portuguesa (1910-1926) e nomeadamente: "O socialismo em Portugal"; "O primeiro Congresso do Partido Comunista Português"; O operariado e a República Democrática (1910-1914); A criação da União Operária Nacional: problemas e alternativas do Congresso Operário de Tomar de 1914; Portugal, cristianismo e revolução socialista; etc.

Para além da sua importante obra de historiador da contemporaneidade que deixou, César de Oliveira teve uma intensa participação cívica, como estudante, nas lutas académicas antifascistas, em movimentos de extrema-esquerda e, finalmente, no Partido Socialista, a que aderiu nos anos oitenta. Nessa qualidade, foi eleito Presidente da Câmara de Oliveira do Hospital, onde realizou um excelente trabalho.

Conheci bem César de Oliveira desde a sua juventude. Tornei-me seu amigo e admirador, muito mais tarde. Era uma figura de grande comunicabilidade, um excelente conversador, um homem bom, aberto e generoso. Sempre simpatizei muito com ele: era uma pessoa humana, espontânea e divertida, extremamente atraente. Nos anos finais da sua vida tornámo-nos amigos. Senti profundamente a sua morte prematura.

Lisboa, 31 de Janeiro de 2005

Retirado de: Textos de Mário Soares - Arquivo & Biblioteca da Fundação Mário Soares

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