2008-06-10

Dia da Raça

"Hoje eu tenho que sublinhar, acima de tudo, a raça, o dia da raça, o dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas", afirmou Aníbal Cavaco Silva, Presidente da Republica Portuguesa, hoje, dia 10 de Junho de 2008, em Viana do Castelo.

Pode-se entender o patriotismo como um sentimento de lealdade às terras e ao grupo, mas o nacionalismo será, sem duvida, um sentimento de superioridade étnico-cultural. Diz-nos a história que este tipo de Nacionalismo apenas dá margem de progressão ao surgimento de racismo e conflitos entre as várias camadas da sociedade. Isto é o que acontece quando as pessoas competem entre si, tendo por base o conceito de raça. Alguns brancos, por exemplo, julgam ser superiores aos negros, ou vice-versa, levando a uma polarização de raças, dividindo a sociedade.

Durante o século XX, o nacionalismo permeou movimentos radicais como o fascismo, o nacional-socialismo e o integralismo no Brasil e em Portugal, especialmente durante o Estado Novo (Portugal). O regime de Salazar deu um outro significado ao Dia de Camões, uma data que passou a servir a propaganda do Estado Novo. O 10 de Junho foi adoptado e adaptado pelo regime instaurado em 1933, e passou a ser conhecido como o Dia da Raça. Não será errado afirmar-se que existiam posições eugenistas e racistas no Estado Novo, onde o conceito de raça é um conceito ambivalente no Estado Novo.

Hoje, dia 10 de Junho de 2008, nas comemorações dia de Portugal, de Camões e das Comunidades (Portuguesas, obviamente) senti, da parte do mais alto magistrado da Nação, um apelo ao passado, que de algum modo me fez relembrar os tempos do Estado Novo, onde o que interessava era dar a entender, externamente, que existia um património nacional que era uno, e incluía metrópole e colónias, e portanto que Portugal tinha um direito inalienável e inquestionável à manutenção do seu império.

A comemoração de “O Dia da Raça” é o Natal dos Nacionalistas, para os mais saudosistas. Uma ocasião especialmente dedicada a celebrar o facto de existirem, saudando e recordando os estandartes do Estado Novo. Pessoalmente prefiro recordar o 10 de Junho como o O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades. Para mim é o dia em que se assinala a morte de Luís Vaz de Camões a 10 de Junho de 1580, e é também o Dia Nacional de Portugal.

Mas também, o que se pode esperar de um Presidente da Republica que no dia 25 de Abril de 2006 confundiu o CRAVO com uma flor de esquerda? Quando um determinado partido politico afirma que Cavaco Silva recuperou “uma terminologia racista e segregadora, do Estado Novo”, não posso estar mais de acordo. Dizem os adágios populares que “recordar é viver” e que “perdoar não é esquecer”. É nesse sentido que deixo a todos os visitantes deste blog a “eterna recordação” dos tempos do Estado Novo.

Se repararem bem, nos Livros para a Escola Primária e mesmo para o 1º Ciclo dos Liceus, do Minho a Timor, só aparecem «brancos». E se repararem nos «meninos» de cartolina da Mocidade Portuguesa, são todos «brancos.» Deste modo a «mentira» ou a «verdade» aparecem clarinhas como água.









1 comentário:

calbertoramos disse...

Faço minhas as opiniões do autor - sem reserva mentais!