2006-08-11

A nova Censura

Trinta e dois anos voaram sobre o 25 de Abril de 1974. Para se perceber o significado desta data, há que ouvir as estórias dos que viveram aqueles tempos. A censura mergulhou o país num medievalismo oculto e sombrio, onde não havia espaço para vozes discordantes do regime. Salazar via os jornalistas como uma ameaça à imagem imaculada que ele queria dar do país. Por isso, dizia que a imprensa era o “alimento espiritual do povo e como qualquer alimento tinha de ser vigiado”.

Hoje os tempos são outros e nem nos apercebemos do milagre que é a liberdade de expressão e opinião. Todos os dias nascem novas publicações, revistas, “sites”, “weblogs”, etc, etc. Qualquer um parece poder dizer o quer.

Mas, e que herança ficou dos censores do Estado Novo? A censura morreu com o regime ditatorial? Por vício, ou fatalismo, habituámo-nos a engolir e a não refilar. A "censura" está a impor-se a vários níveis, e não tenta atingir apenas o jornalismo. Ela existe no aparelho do estado, nas autarquias, nas empresas, nas escolas, está por todo o lado, simplesmente porque os portugueses pensam primeiro com a barriga (quiçá, também com outro órgão), e só depois com a cabeça.

Neste pais que se encontra à beira-mar plantado vive-se literalmente de invejas. O importante não é eu estar bem, o importante é que o meu vizinho não esteja tão bem como eu. Num país com estas características, para reinar, é só preciso saber dividir, o que em resumo significa tão só saber explorar a invejite popular, semeando ódios e atiçando uns contra os outros.

O povo já dizia que as verdades são para se dizer mas, mesmo assim, vão existindo processos de abuso de liberdade de imprensa, processos crime e de pedidos de indemnização por perdas e danos, processo civil, etc, etc. Não é preciso usar mais meios, estes bem que poderão ser a nova censura do século XXI.

Ficam as questões para reflectir. Pare um pouco para pensar depois de ler este post. Pode inclusivamente efectuar uma aproximação ao que se vai passando no nosso concelho, nomeadamente a nível político e partidário. Aos eventuais abusos que passam diariamente pelo poder local e à sua tentativa (quase que conseguida na totalidade – salvo a honrosa excepção do Correio da Beira Serra) de silenciamento dos mesmos, nos órgãos de comunicação social.

Uma coisa vos posso garantir: este post não foi visado por nenhuma comissão de censura nem este blog estará à venda para publicidade institucional ou qualquer outro tipo de receitas financeiras menos próprias e lícitas.

17 comentários:

Anónimo disse...

"As verdades são para se dizer..."

Pois, sim, vai lá vai, amigo Observador, que qualquer dia és tu que estás com o cu no mocho. Olha que a moda já pegou em tempos com o Carpinteiro (o Barreto que o diga) e agora parece que retornou com o Rochinha, o suposto Delfim.

Ainda dizem que não há censura? Perguntem ao Albino (da Boa Nova) e à Margarida (da Folha do Centro) para ver se eles têm alguma ideia do que isso é ?!

Ou será que em vez de censura deverá chamar-se outra coisa qualquer? Talvez Suborno? Subserviência? Caciquismo? Ignorância? Dependência?

Vai haver, nos proximos meses, uma chova de processos contra os blogistas e contra o Beira Serra que até vai doer...

Fujam enquanto é tempo... Vai voltar a haver exilados, ai isso é que vai...

Anónimo disse...

Parabéms ao retorno do Blog e parabéms pelo tema.
Infelizmente, vivi 24 anos sob o regime da "outra senhora".Já nesse tempo fiz o que pude e não fiz muito porque as condições e o meio não eram muito propicios.Sentia-me revoltado,via toda a gente a falar baixinho e a olhar para os lados antes de dizer qualquer coisa.Comecei a ouvir a "Voz da Liberdade" e a "Rádio Portugal Livre"cerca dos dezoito anos,e comecei a perceber e a canalizar a revolta que já então sentia.Hoje,quando vejo de novo pessoas que nada seriam sem o 25 de Abril,que dele se servem para serem alguém,e no tal sentimento de inveja querem espezinhar os semelhantes quantas vezes aqueles que lhe serviram de trampolim,não posso deixar de ter um sentimento de pena,o unico álias,que se pode ter de gente de tão pouca formação.Quem seriam Os Mários Alves,Os Rochas e todos os outros sem o regime democrático,sem a liberdade de imprensa?Estariam nos lugares que hoje ocupam.Todos sabemos que o presidente era nomeado no Terreiro do Paço,e em que condições.O que mais lamento é que sejam filhos do povo,pessoas que tudo deviam fazer para manter e defender o que tanto custou a conquistar,que a troco dum prato de lentilhas se transformam nos carrascos do povo donde provêm,e nos capatazes de interesses alheios.Que façam processos, que investiguem,que prendam.Até la jamais me calarei.Quanto à comunicação que temos,é simplesmente vergonhoso,para as pessoas e para a classe,o jornalismo que por aqui se faz com a honrosa excepção que é o Barreto e o CBS,e também este BLOG.

MORDAÇA JAMAIS!

Anónimo disse...

A informação isenta e independente é um dos pilares da democracia.

Sem ela, o cidadão não está em condições de escolher e de acompanhar, com consciência, a governação.

Por isso, e porque esconde factos de relevo para a compreensão global, a censura é inadmissível. Mas a mentira ou a meia verdade ainda é pior do que a censura. Porque se a censura esconde, a mentira manipula e induz o raciocínio do cidadão. Para um democrata, a manipulação é de uma violência inaceitável e, por isso, é repugnante.

Numa ditadura, pior que a censura é a manipulação dos factos e do pensamento. Por isso, as piores ditaduras não foram exímias na censura, foram-no na manipulação e na mentira.

Não deixemos que em Oliveira do Hospital, 32 anos depois, alguns consigam implementar aquilo porque tantos lutaram contra. Não vão conseguir manipular-nos!

Viva a Liberdade de Pensamento.
Viva a Liberdade da Escrita.
Viva a Liberdade de Comentar e de Falar.
Censura nunca mais.

Anónimo disse...

Como um dia Humberto Delgado gritou, no Porto, em 1958: "ESTAMOS FARTOS! CANSARAM-NOS! VÃO-SE EMBORA!

Anónimo disse...

Votos para que este regresso seja livre. Por muito. Pelo menos,de vírus.
Alguma explicação para o sucedido?

Anónimo disse...

Um Editorial muito pertinente, que por o ser, tomei a liberdade de o copiar para este blog. Reflictam

Admirável mundo novo

Hoje, no mundo inteiro, todos os jornais de referência têm uma edição impressa e outra “on-line”. Em Portugal, estes novos media chegaram mais tarde, mas estão em franca expansão porque os editores perceberam que o futuro passa necessariamente por esta forma de comunicação. Este admirável mundo novo que é a Internet, está a modificar por completo a vida dos cidadãos e, num futuro próximo, tudo será cada vez mais difícil para os que teimem em permanecer "off-line", já que o mundo dos negócios, da informação e do conhecimento, estará inequivocamente dependente do ciberespaço. A milha filha com seis anos – e muitos outros milhões de crianças por esse mundo fora –, já é por exemplo uma utilizadora quase diária nesta aldeia global em que o mundo se está a transformar. Como nada é perfeito, é óbvio que existe sempre o reverso da medalha. É também consensual que a Internet pode ser indevidamente utilizada e até representar alguns riscos.

Mas isso é a lei da vida, pois quando apareceu o automóvel também apareceram os acidentes rodoviários. Contudo, pesados os prós e os contras, é difícil prescindir desta ferramenta de comunicação. Foi por essa ordem de ideias que no dia 15 de Março de 2006 o Correio da Beira Serra, citando um político local, "veio revolucionar o panorama da informação local", quando reapareceu com uma edição on-line e, na opinião de um vereador da CMOH, até causou alguma "agitação social". Entendo pessoalmente que esta edição on-line representou em Oliveira do Hospital uma espécie de 25 de Abril electrónico. Toda a gente, independentemente da sua cor de pele, dos seus credos ou das suas convicções político-partidárias, tem hoje a possibilidade de opinar livremente sobre o que quer que seja neste "sítio de informação".

As pessoas deixaram de estar amordaçadas e sabem que, em meia dúzia de minutos, podem lançar para o mundo inteiro o seu grito de revolta, o seu protesto, a sua indignação. Podem trocar opiniões, criticar políticas, denunciar situações… e a isto, como muitos antigamente reclamavam, chama-se "dar voz ao povo". Contudo, e como nunca há bela sem senão, também há quem se aproveite da fragilidade do sistema – mas isso é um fenómeno à escala mundial! – para recorrer ao insulto gratuito, fazendo assim um uso abusivo deste espaço de liberdade. É claro que como jornalista responsável repudio esse tipo de comportamentos e entendo que, sobre esta matéria, os jornais têm que encontrar mecanismos eficazes que permitam uma maior regulação dos comentários pelos quais não são responsáveis.

Mas esse problema não se coloca só ao Correio da Beira Serra. Coloca-se a um sem número de jornais nacionais e internacionais que dão a possibilidade aos leitores de comentarem as notícias. Há quem erga também, sobre esta questão, o argumento de não ser correcto o facto de os leitores darem opiniões anonimamente. Mas, sinceramente, não vou em hipocrisias e percebo muito bem que haja pessoas que se queiram exprimir mas que não o possam fazer livremente porque a partidocracia gera medo e impotência. Agora, se calhar, em vez de isso ser um problema exclusivo das pessoas, é também um problema da sociedade em que vivem. Da sociedade, que premeia a bajulação, o oportunismo, a subserviência, o "sim, senhor primeiro-ministro" e foge da crítica como o Diabo da cruz.

Aliás, se bem me lembro, o 25 de Abril fez-se em Portugal por muita gente que, dadas as circunstâncias e a conjuntura política, teve que andar a fazer muito "trabalho de formiguinha" sob a capa do anonimato.

Henrique Barreto

Anónimo disse...

Centenário do nascimento de Marcelo Caetano

Retrato do último Presidente do Conselho da ditadura.

A «Ordem Nova» foi a revista fundada, em 1928, por Marcelo Caetano, cujo centenário do nascimento passa hoje, enquanto alguns o celebram.

A Ordem Nova dizia-se «antimoderna, antiliberal, antidemocrática, antiburguesa e antibolchevista: contra-revolucionária, reaccionária, católica, apostólica e romana; monárquica; intolerante e intrasigente; insolidária com escritores, jornalistas e quaisquer profissionais das letras, das artes e da imprensa».

Pior, só alguns avatares que se acoitam nos partidos democráticos ou se exibem sem pudor em grupelhos de índole fascista, xenófoba e racista.

Alguém os reconhece por aí?

Anónimo disse...

A liberdade (de expressão. de saberestar, de democracia, de critica) não tem feito parte do dicionário dos mandantes deste concelho (podem incluir todos os partidos, sff). Pode ser que os novos dirigentes tenham menos barriga e mais olhos, pode ser que se venham a preocupar mais com as pessoas e menos com a politioquice de trazer por casa.
Pode ser que...

Anónimo disse...

Critica-se muito os partidos. Muitas vezes é justo e pertinente.
Então e o papel dos cidadãos e da dita sociedade civil?
É um exemplo?
A porcaria que há na sociedade vai para os partidos politicos e na sociedade civil ficam os puros e os impolutos.
Será?

Anónimo disse...

É...Nas proximas eleições até vou "concorrer" pelo partido dos abstencionistas...Já sabem:como a abstenção é o maior partido,é pessoal metam cunhas e essas coisas.Portem-se bem porque sou eu que vou decidir.Já sabem,afilhados do Mário,não têm direito a nada...
Façam favor...essa de que os partidos são todos a mesma coisa vamos lá com calma.A quem é que serve esse discurso?Uns são pelo lapis azul.Outros lutam contra ele.Dizer que é tudo igual...

Anónimo disse...

Cuidado ainda não são todos iguais. Felizmente.
Em OHP (fiquemos por cá) ainda dá para distinguir entre PSD, PS, CDU e CDS.

Anónimo disse...

Dum lado censura-se, de outro favorece-se!
A quem é que serve a censura?
Apenas aos que vivem enredados em favores...
Acontece, também, nas organizações mafiosas:
-"Ou te calas,ou te prejudicas!"
São muitos os meios e formas de censura.
Oxalá este universo de "feira de opinião" possível através da Internet se fortaleça.
Apenas depende de nós.
Sem afvores.

Anónimo disse...

A próxima Assembleia Municipal , em Setembro, pode ser um grito contra a Nova Censura.
Vamos ver a mobilização popular.
Ingredientes não faltarão...
Quem vai?

Anónimo disse...

Essa do Folha do centro agora tem que arranjar alternativas!!! sim o dinheiro não cai do céu e mais alguma coisita para o jornal é sempre bem vinda ... ó marito dá cá qualquer coisita à guidita

Anónimo disse...

Temos aí mais um blogue, o Verdadinhas

Anónimo disse...

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