2006-05-22

Movimento de Cidadania ?

A clássica tipologia de Marshall, distinguindo as três principais formas de cidadania - civil, política e social - que acompanham a transformação dos direitos e do sistema social ocidental contemporâneo, começa a revelar-se insuficiente para a apreensão dos novos conteúdos que a noção de cidadania tende hoje a subscrever.
A participação política nas sociedades modernas não se restringe à defesa de interesses e valores associados às condições económicas e sociais. Pelo contrário, a mobilização política para outras causas culminou num processo de criação de novos direitos: ambientais, culturais, das minorias, dos consumidores, em suma, direitos referentes à qualidade de vida em geral.
Associado ao crescimento destes novos direitos, acentuou-se o protagonismo de novos grupos sociais, caminhando-se para o alargamento e a revitalização dos mecanismos de participação política nas sociedades contemporâneas.
Em Oliveira do Hospital, no passado dia 8 de Maio (no próximo dia 26 de Maio será o segundo encontro), foi dado um pontapé de saída para que um grupo de cidadãos possa, efectivamente, “fazer algo pela sua terra”.
Quantas vezes não sentimos, todos nós, vontade de exprimir as nossas opiniões e não encontramos quem esteja disposto a discutir connosco? Descentralização, eleições, guerra, acessibilidades, desemprego, saúde, educação, etc, etc, etc, são temas que certamente dizem algo a cada um de nós.
Porque é preciso valorizar a participação dos cidadãos nas discussões que influenciam as suas vidas, deixo-vos o desafio ... qual será o móbil para tão elevada participação de cidadania dos nossos mais ilustres conterrâneos?

2006-05-16

O Analfabeto Político



"O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguer, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, malandro, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."

Poema de um escritor e dramaturgo alemão, que viveu entre 1898 e 1956, de seu nome Bertolt Brecht.

A democracia exige a alfabetização política da população, o que nada tem a ver com doutrinação, mas tem tudo a ver com informação, conhecimento, aumento da autonomia e da capacidade crítica de cada um.
Separar as águas é uma exigência da democracia.
O aumento da abstenção eleitoral, a reduzida participação na vida cultural, cívica e política, o encolher de ombros face ao que nos é comum, são comportamentos correntes de muitos cidadãos. Não é de estranhar que uma maioria crescente da opinião pública vá encolhendo os ombros e dizendo que os políticos são todos iguais, ou, que nada sabem ou nada querem saber de política.
O poder dominante, para dominar, precisa que predomine o analfabetismo político. Quando o analfabetismo político predomina é natural que tudo pareça igual e seja visto com a mesma indiferença.
Por outro lado, a falta de formação permite que a actividade política seja cada vez mais futbolizada. Assim, muitos políticos adoptam o comportamento dos hooligans, defendendo fanaticamente as suas cores e, pelo seu lado, os meios de comunicação social preocupam-se apenas em transmitir os resultados das contendas entre adeptos.
Cabe aos que não fazem parte do coro dos contentes, juntarem-se, criar e fazer soar as melodias da civilização que se pode opor à barbárie.
Por isso, meus caros, cultivem-se.
Olhem para o que se passa à vossa volta ! Olhem e vejam...
Leiam !
Pensem !
Discutam !
Comentem !

2006-05-11

O Comboio do Progresso

Para além (ou por causa) da concorrência inter-empresarial, cada vez mais os concelhos competem entre si.
Cada concelho procura ter maior peso económico, atraindo investimento externo ou fomentando a iniciativa doméstica; cada concelho esforça-se por acolher os serviços descentralizados da Administração Pública ou luta pela fixação de instituições prestigiadas e prestigiantes; cada concelho tem para oferecer mais facilidades de relação com os mercados e com o mundo envolvente; cada concelho exige estar na primeira linha do poder do Estado lançando holofotes sobre os seus políticos, intérpretes da sua vontade e depositários das expectativas das suas populações.
Em inicio de século, a competitividade dos concelhos assume-se tão importante para o desenvolvimento como a competitividade de cada um dos seus agentes económicos. Ora, num mundo em rápida e permanente mudança, a competitividade ganha-se - ou perde-se - na capacidade de inovação e na consequente capacidade de antecipação dos movimentos sociais, culturais e económicos.
Um espaço de inovação necessita, por outro lado, de estar associado a um centro urbano com dimensão crítica suficiente para se assumir como um importante e qualitativamente exigente mercado de produtos finais e "merecedor" da instalação de serviços de elevado valor acrescentado.
E em Oliveira do Hospital, como será que o concelho tem estado a ser desenvolvido, ou mais importante ainda, como será que se irá desenvolver?
Será que o poder político tomou - toma ou tem vindo a tomar - as devidas precauções, para que não seja ultrapassado pelo concelhos vizinhos?
Qual tem sido a política seguida pelos executivos (anteriores e actual), em questões como:
- a cidadania, a coesão social e o capital humano, a aposta nos factores de competitividade, no aumento da produtividade, na melhoria dos níveis de qualificação profissional, na promoção do espírito empresarial, no reforço da coesão e na erradicação da pobreza e exclusão social;
- a competitividade da economia regional, e sobretudo, a atracção de investimentos produtivos qualificantes;
- as acessibilidades, uma vez que o Concelho deveria desempenhar um papel fundamental de articulação no conjunto do distrito e deste com o espaço ibérico e europeu;
- Os recursos hídricos, bem como os recursos florestais, cuja salvaguarda permitiria o desenvolvimento do turismo e o reforço da atractividade do concelho, gerando assim um conjunto indispensável de mais-valias.

Será que vale a pena pensar nisto?
Aceitam-se sugestões (de todos os quadrantes políticos).
Por um Concelho melhor ...

2006-05-02

Publicidade... Enganosa ???

Tenho-me vindo a perguntar o motivo pela qual ainda estariam ainda espalhados, pelo concelho, alguns cartazes das eleições autárquicas de 2005, nomeadamente do PS e do CDS/PP. Tendo resolvido "investigar", o Observando OHP estava, sinceramente, bem longe de chegar às conclusões a que chegou ...
Parece que, até agora (Maio de 2006), as contas dos candidatos destes partidos (PS e CDS/PP) à Autarquia de Oliveira do Hospital ainda não se encontram encerradas! O motivo é que (segundo parece, novamente) existem ainda contas por liquidar! Mais preocupante, a julgar pelo que nos foi dito, é o caso do PS, dado que ascendem a alguns milhares de euros as dívidas com fornecedores (publicidade, principalmente).
Como é possível que, candidatos a uma presidência de câmara, não tenham feito contas dos valores que possuiam e que podiam gastar? Como é que é possível que pessoas que se candidatam a uma presidência de câmara, consigam estar, despreocupadamente, sem pagar aquilo que devem? Como é possível, aos eleitores deste concelho, virem a acreditar nestas pessoas? Será que estes pensavam que nunca se viria a saber? Ou estariam à espera das próximas eleições para poderem resolver o problema? E quem é que está em dívida? São os respectivos partidos ou os candidatos? E as pessoas a quem devem, como se governam, entretanto? Receberão à troca de favores políticos? Permitam-me pensar em tudo...
Passaram-se quase oito meses desde as eleições autarquicas! Parece-me que é mais do que tempo suficiente para resolver este tipo de problemas. Haja vergonha! Tenham consideração pelas pessoas que vos venderam "fiado". Paguem-lhes! Há um ditado antigo que diz que "quem não é bom pagador não é bom gestor".
Permitam-me um conselho! Enquanto não forem capazes de gerir um orçamento (simples) para uma campanha eleitoral, se calhar não faz grande sentido candidatarem-se a quaisquer orgãos autárquicos, porque, obviamente, os orçamentos (por exemplo, da Câmara Municipal) serão bem mais complicados de gerir.
Já para não falar na vergolha que todos os vossos militantes e simpatizantes deste concelho irão sentir, após saberem desta situação. Convenhamos que, para a credibilização de um partido cujos candidatos são neste momento vereadores da autarquia, este não será, certamente, o melhor caminho.